O que Newton, Da Vinci, Reggio Emilia e o Colégio Oficina Pindorama têm em comum?

Teria Newton desvendado a gravidade sem que a maçã caísse sobre a sua cabeça? Ninguém pode responder com certeza, mas o fato é que os quatro anos de estudos que tornaram Issac Newton bacharel em artes pelo Trinity College, em Cambridge, deram base para que ele desenvolvesse mais tarde a sua principal descoberta. Ocorre que isso teria tido outros desfechos – se é que teria – se o gênio não fosse obrigado a abandonar a vida acadêmica para se proteger da peste bubônica que assolou as grandes cidades Europeias em 1665. Foram quase dois anos de isolamento na área rural de Lincolnshire, sua terra natal que fica ao Leste da Inglaterra, e onde justamente a maçã viria a lhe atingir, impulsionando o desenvolvimento da Teoria da Gravidade. Sim: Newton tinha conhecimento teórico para praticar o discernimento, mas foi uma experiência natural que engatilhou o raciocínio mais profundo e importante da sua vida.

Newton não era criança nessa época, mas a sua experiência exemplifica o conceito de aprendizagem mais moderno e eficiente: a experiência. Assim como ele, vários outros gênios desenvolveram pensamentos importantes ao observar a natureza e a vida cotidiana. Fiquemos aqui com o exemplo de Leonardo da Vinci, que se inspirou na anatomia dos pássaros para desenvolver estudos que balizaram o desenvolvimento dos aviões e helicópteros que temos hoje.

No Norte da Itália, já nos tempos modernos, o aprendizado pela experiência inspirou um conceito revolucionário de ensino na cidade de Reggio Emilia, a 70 km de Bolonha. O início foi precisamente 1945, dias após o término da 2ª Guerra Mundial, quando os moradores de uma pequena província venderam tanques de guerra e cavalos abandonados pelos alemães para financiar a criação da primeira Escola Participativa do mundo. Hoje, o conceito de Reggio Emília é ainda o mais moderno do planeta e tem no Colégio Oficina Pindorama a sua principal representatividade na região de Vargem Grande Paulista.

Para se ter ideia, mais de cinco mil profissionais da educação já visitaram Reggio Emilia em busca de aprofundamento sobre o método educacional que tem levado colégios do mundo inteiro a premiações, segundo a prefeitura da cidade italiana. Mais do que isso, Loris Malaguzzi, o pedagogo responsável pelos maiores avanços de Reggio Emilia, ainda hoje inspira países e seus órgãos oficiais de educação.

É o caso do Ministério da Educação (MEC) brasileiro, cuja Base Nacional Comum Curricular é em grande parte lastrada pelo legado de Loris Malaguzzi, como mostra as primeiras linhas do seu direcionamento: “A BNCC exalta o protagonismo das crianças, o potencial para aprender a partir de experiências lúdicas e de interação”. O documento do MEC também faz alusão direta à Reggio Emília, dizendo que a região italiana vem se destacando mundialmente pela sua visão inovadora de educação na primeira infância.

A conexão entre o direcionamento atual do MEC brasileiro com as escolas de Reggio Emília é tamanha que a bibliografia sugerida para compreensão das diretrizes adotadas na nossa base curricular é praticamente toda em referência ao legado de Malaguzzi e às escolas dessa região italiana. O Livro Diálogos com Reggio Emília, da pedagoga Carla Rinaldi (Editora Paz e Terra) é um exemplo e traz o resultado da convivência da autora com Malaguzzi.

“Estamos muito felizes ao constatar que o conceito de Escola Participativa, adotada pelo Colégio Oficina Pindorama desde a sua fundação (ano) é atualmente o cerne da Base Curricular do MEC”, diz Cláudia Corrêa, diretora do Colégio Oficina Pindorama. “Sempre fomos convictos de que a aprendizagem compreensiva (que privilegia o diálogo entre alunos, professores, diretores, inspetores, merendeiras, etc.) é mais eficiente do que a transmissiva (quando o professor transmite e o aluno escuta)”, completa.

Por isso, segundo Cláudia, o colégio em Vargem Grande Paulista foi desde o início implementado em um espaço amplo, com áreas abertas e cercadas pela natureza, de modo que os alunos possam concretizar aprendizados didáticos através da convivência natural com o meio ambiente.